quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Quem abraça o ministério herda uma cruz!



As Escrituras nos asseguram que, de alguma maneira, o "problema do mal" redundará em bem, e que o bem ultrapassará grandemente o mal; e isto é uma declaração que reflete uma fé profunda na providência e plano eterno de Deus.
Não há motivo para aquele que abraçou o ministério se sentir desmotivado frente às pressões do mesmo, pelo que, em meio a sofrimentos somos desafiados a combatermos o bom combate da fé. Não sejamos utópicos em afirmar que é bom sofrer. Entretanto, há certa necessidade de se entender o valor do sofrimento segundo os parâmetros da Palavra de Deus, principalmente pelo fato de hoje se dar mais ênfase no triunfalismo, desmerecendo a importância do conceito de sofrimento vivido por Jesus e os Apóstolos, ainda mais no que se refere ao tipo de crentes que estão sendo "fabricados" em determinadas igrejas evangélicas brasileiras por conta dessa prédica do triunfalismo desenfreado.
Existe uma expressão usada em liderança que afirma: "o líder é a chave", é de se acreditar! Porém, se o líder é o agente principal na produção de uma cristandade mais parecida com Cristo, é de se questionar quais tem sido sua práxis teológica frente a um discipulado que seja verdadeiramente ortodoxo e relevante para a igreja contemporânea.
Quando líderes evangélicos de expressão, formadores de opinião, afirmam batendo no peito que o Brasil está em "Avivamento" tendo como base para essa poesia, estatísticas relacionadas ao crescimento numérico de evangélicos e evangelicais no Brasil, experiências em reuniões carismáticas (êxtases), bem como também costumam dizer alguns teólogos, as práticas da boa-cumba (misticismo – fogueira santa, descarrego etc.) é de se entristecer! Pois, ao contemplarmos a nossa volta, ainda nos deparamos com a injustiça social, individualismo, violência e corrupção, inclusive dentro da própria igreja. É de se entender que o que estão querendo fazer frente à realidade da igreja em nossa nação, se parece com a obra intitulada “Utopia” do filósofo inglês Thomas More. No enunciado em questão, o autor descreve uma ilha recém-descoberta, que abriga um Estado preocupado com a felicidade de um povo e com a organização da produção, onde a propriedade privada e o dinheiro não existem. Na realidade, More apresenta uma história sobre uma sociedade impossível, pois, a própria palavra utopia foi criada por ele com a junção de ou (não) e topos (lugar), ou seja, "lugar que não existe".
A felicidade só será possível na sociedade, bem como na cristandade contemporânea, mediante ao estabelecimento do Reino de Deus somado a uma práxis bíblico-teológica. Segundo a falta deste princípio, é que se reafirma a necessidade do sofrimento.
Ainda que, como cidadãos do Reino venhamos a sofrer, sigamos o exemplo de nosso mestre Jesus, que aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu. (Hb 5:8)
Enquanto alguns pregam: Pare de Sofrer! Jesus diz a seus discípulos, no mundo tereis aflições, tende bom ânimo! Paulo o apóstolo nos convida a exemplo de Timóteo a sermos participantes de seus sofrimentos como bons soldados de Jesus Cristo.


Por Marco Mardine

sábado, 12 de dezembro de 2009

NO CORREDOR DOS SONHOS


“Vem lá, o tal sonhador”.
Genesis 37:19

À medida que a complexidade da vida humana aumenta, aumenta também a necessidade de sabedoria para se viver.
As mudanças do mundo atual exigem que repensemos nossos valores. A igreja de Cristo precisa abrir-se aos planos e aos projetos de Deus. Abrir em sua vida avenidas de gratidão e celebração para receber e experimentar de forma comprometida os sonhos de Deus.
Através de toda a história bíblica, Deus abriu um corredor de sonhos, planos e projetos transformadores, que transfiguravam a plena luz de seu amor, graça e misericórdia. Ele mesmo plantou sonhos no coração humano, fertilizando as imaginações de esperança de um tempo de luz ilimitada: O Reino de Deus.
Comecemos com essa idéia: Deus nos criou com a habilidade de sonhar, e mais, de realizar estes sonhos no poder do Espírito Santo.
Imagine Deus chamando Abraão para um propósito. Um projeto que tinha a ver com toda a humanidade. Era o sonho divino sendo colocado em ação.
Lembre-se de José do Egito, entrando de tal maneira no corredor dos sonhos de Deus, que foi chamado pelos irmãos de “sonhador”. O fato é que os seus sonhos se tornaram realidade.
Gideão assustou-se com as dimensões dos sonhos de Deus, resistindo no primeiro momento. Depois, no entanto, abraçou com tanta paixão o projeto, que hoje o nome Gideão é um símbolo de coragem, liderança e êxito.
No corredor dos sonhos Davi tornou-se fiel à sua geração. Davi foi fiel na oração e na obediência. Sua vida mesmo com tantas falhas e fracassos expressou adoração e o desejo de realizar os sonhos de Deus . Por isto foi chamado de " o homem segundo o coração de Deus".
Poderíamos ainda falar de Maria, de José, de Simeão, da profetisa Ana, de Paulo. Todos entraram no corredor dos sonhos de Deus.
Vamos juntos como OS CHAMADOS PARA ESTE TEMPO, compreender os planos do Autor da Vida para esta geração.
Deus é fiel. Que nossa resposta seja de entrega e desejo de realizar em nossas vidas os planos e os projetos DEle.
A Ele glória, em Jesus Cristo!

Silas Barbosa Dias
http://www.institutomultifocal.com.br/

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Neopentecostalismo: Entrevista com Augustus Nicodemus




ENFOQUE – Como o senhor analisa hoje o cenário evangélico brasileiro?

Augustus: Vivemos um momento de grandes mudanças no cenário brasileiro evangélico, mudanças que começaram a ser gestadas quando as igrejas evangélicas em décadas passadas passaram a abandonar o referencial da Reforma protestante, o referencial da própria Escritura Sagrada, a Bíblia, e passaram a se entender como um movimento voltado para a satisfação das necessidades imediatas e materiais dos seus aderentes e a aferir o sucesso espiritual pela prosperidade material. As igrejas neopentecostais continuam a crescer e continuam a não ter rumo teológico algum, escandalizando cada vez mais a opinião pública, envergonhando os evangélicos com práticas e costumes bizarros e estranhos, e com escândalos que ganham a mídia e que revelam os intestinos dessas igrejas. Espanta-me o fato que a teologia da prosperidade continua crescendo apesar de tudo.

Mas, não é somente isso. Hoje, as igrejas evangélicas pentecostais tradicionais correm o risco de ser minadas pelo liberalismo teológico, através dos obreiros e pastores que vão buscar um diploma de teologia reconhecido pelo MEC em universidades públicas e seminários dominados pelo velho liberalismo teológico. Não há nada errado em almejar um diploma desses, mas é que as instituições credenciadas para emiti-los usam o chamado "método científico" para estudar a Bíblia, método esse que parte do pressuposto que ela é simplesmente um livro religioso e não a infalível Palavra de Deus.

As igrejas históricas continuam pequenas e sem muito poder de fogo no cenário nacional, embora sejam elas que estejam fornecendo os professores de seminários onde os demais evangélicos vão buscar diplomas reconhecidos. São elas, também, que estão na linha de frente provendo informações e estudos sobre as questões éticas que estão sendo debatidas hoje no Brasil, como, por exemplo, a lei da homofobia. Algumas dessas denominações tradicionais estão totalmente divididas internamente entre conservadores, pentecostais e liberais, que lutam por tomar o controle dessas denominações.

Em outras palavras, não vejo o atual cenário brasileiro evangélico com muito otimismo, embora recentemente tenham acontecido algumas coisas que sugerem que nem tudo está perdido. Uma denominação histórica que estava muito minada por pastores e professores de teologia liberais deu uma reviravolta e cortou toda e qualquer relação com organismos ecumênicos que envolvam o catolicismo. Para muitos foi um retrocesso, para mim, um avanço. Percebo igualmente um aumento do interesse de muitos, especialmente dos pentecostais, pela teologia reformada, pela teologia conservadora séria, erudita e pastoral, que traz um misto de profundidade e piedade. Cresce bastante o mercado de livros evangélicos com boa teologia e boa prática. Isso traz alguma esperança.

ENFOQUE: As igrejas históricas estão conseguindo sobreviver aos furos das neopentecostais?

Augustus: Em parte. Por um lado, o neopentecostalismo é tão obviamente antibíblico que a tarefa dos pastores e líderes das igrejas tradicionais fica mais fácil. Seria mais difícil se o neopentecostalismo fosse mais sutil, mais sofisticado. Mas, é um movimento de massas, levado avante no grito, na centralização do poder nas mãos de pseudo-bispos e apóstolos que manipulam as massas usando a Bíblia como pretexto para recolher milhões e milhões de reais. Não é difícil para qualquer pessoa um pouco mais esperta desconfiar do que realmente está acontecendo.

Por outro lado, o apelo que o neopentecostalismo faz à alma católica dos evangélicos é muito grande: objetos ungidos, relíquias, líderes apostólicos, prosperidades, milagres físicos – tudo herança do catolicismo na mentalidade brasileira. Mas, muitas igrejas tradicionais já estudaram o assunto e já tomaram posição sobre ele. A Igreja Presbiteriana do Brasil, por exemplo, tem veiculado cartas pastorais que instruem seus membros sobre o movimento G-12, as práticas da Universal do Reino de Deus, coreografia e dança litúrgica, para mencionar alguns. Isso ajuda os membros e pastores presbiterianos a ficarem firmes contra essas práticas.

ENFOQUE: Na sua opinião, qual será o futuro da Igreja Evangélica Brasileira?

Augustus: Como alguém já disse, “é muito difícil profetizar sobre o futuro”. O presente sugere que esse futuro não é róseo. O crescimento vertiginoso entre os evangélicos do pragmatismo, o relativismo, o liberalismo, a libertinagem, associado à desorganização e à fragmentação do movimento evangélico só pode pressagiar dias maus pela frente, a menos que Deus tenha misericórdia de Sua Igreja e intervenha de forma poderosa, como já fez várias vezes no passado.

O que mais me preocupa quanto ao futuro é que os evangélicos estão cada vez mais achando que os valores morais e doutrinários são relativos e cada vez mais abandonando o conceito de verdades absolutas e permanentes. Essa tendência é o resultado óbvio da influência do relativismo que permeia a cultura brasileira.

Uma amostragem do relativismo, que desemboca na libertinagem, pode ser encontrada em blogs, comunidades no Orkut e sites evangélicos na internet. Há comunidades evangélicas no Orkut, por exemplo, onde o sexo entre os jovens cristãos antes do casamento é defendido como se fosse absolutamente normal. Os jovens são expostos a todo tipo de doutrinação sem ter o acompanhamento de seus pastores e líderes, que via de regra não estão familiarizados com essa forma de comunicação ou não têm tempo. Pais e líderes evangélicos ficariam abismados se entrassem nessas comunidades. Por um lado, os jovens evangélicos são hoje muito mais bem informados e críticos que os de gerações anteriores. Por outro lado, receio que uma nova geração de evangélicos está se formando, em que pese o alcance ainda bastante limitado desses meios de comunicação, que verá com naturalidade a relativização dos valores morais e dos pontos doutrinários basilares do Cristianismo, com trágicos resultados para a fé e o testemunho cristãos.

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Fonte: O Tempora, o Mores [Via: Bereianos]

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

INAUGURAÇÃO DA PRIMEIRA IDB NO ACRE


No dia 29 de novembro do corrente mês, a IDB em Rio Branco celebrou a inauguração do templo sede no Conjunto Manuel Julião. Foram momentos inesquecíveis de muitas emoções e lágrimas, quando todos assistiram ao vídeo de “Missões Entre Amigos no Acre”, um breve registro histórico dos primeiros momentos da IDB em solo acreano, marcado pelo envio dos primeiros missionários Pr. Alan Bandeira e esposa, início da construção do templo, até o término do mesmo. Todos ficaram felizes e jubilaram na presença do Senhor por mais essa grande conquista. Atualmente a IDB em Rio Branco tem como pastor titular, o Ministro Ordenado Pr. Marco Mardine e conta com um templo sede, três congregações e duas células Evangelismo.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

JOHN STOTT EXPÕE A MISSÃO A PARTIR DE ANTIOQUIA


Em Atos 13 o horizonte de Lucas se alarga pois o nome de Jesus seria massivamente testemunhado além da Judéia e Samaria. A partir de Antioquia chegaria aos confins da terra. Os dois diáconos evangelistas prepararam o caminho. Estevão através de seu ensino e martírio, Filipe através de sua evangelização ousada junto aos samaritanos e ao etíope. O mesmo efeito tiveram as duas principais conversões relatadas por Lucas, a de Saulo, que também fora comissionado a ser o apóstolo dos gentios, e a de Cornélio, através do apóstolo Pedro. Evangelistas anônimos também pregaram o evangelho aos “helenistas” em Antioquia. Mas sempre a ação esteve limitada à Palestina e à Síria. Ninguém tinha tido a visão de levar as boas novas às nações além mar, apesar de Chipre ter sido mencionada em Atos 11:19. Agora, finalmente, vai ser dado esse passo significativo.

A população cosmopolita de Antioquia se refletia nos membros de sua igreja e até mesmo em sua liderança, que consistia em cinco profetas e mestres que moravam na cidade. Lucas não explica a diferença entre esses ministérios, nem se todos os cinco exerciam ambos os ministérios ou se os primeiros três eram profetas e os últimos dois mestres. Ele só nos dá os seus nomes. O primeiro era Barnabé, que foi descrito com “um levita, natural de Chipre” (Atos 4:36). O segundo era Simeão que tinha o sobrenome de Níger, que significa Negro, provavelmente um africano e supostamente ninguém menos que Simão Cireneu, que carregou a cruz para Jesus. O terceiro era Lúcio de Cirene e alguns conjecturam que Lucas se referia a si mesmo o que é muito improvável já que ele preserva seu anonimato em todo o livro. Havia também Manaém, em grego chamado o “syntrophos” de Herodes o tetrarca, isto é, de Herodes Antipas, filho de Herodes o Grande. A palavra pode significar que Manaém foi “criado” com ele de forma geral ou mais especificamente que era seu irmão de leite. O quinto líder era Saulo. Estes cinco homens simbolizavam a diversidade étnica e cultural de Antioquia e da própria igreja.

Foi quando eles estavam “sevindo ao Senhor, e jejuando” que o Espírito Santo lhes disse: “separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At.13:2). Algumas perguntas precisam ser respondidas.

1. A quem o Espírito Santo revelou a sua vontade ? Quem eram “eles”, as pessoas que estavam jejuando e orando ?

Parece-me improvável que devamos restringi-los ao pequeno grupo dos cinco líderes, pois isso implicaria em três deles serem instruídos acerca dos outros dois. É mais provável que se referia aos membros da igreja como um todo já que eles e os líderes são mencionados juntos no versículo 1 de Atos 13. Também em Atos 14:26-27, quando Paulo e Barnabé retornam eles prestam conta a toda a igreja por terem sido comissionados por ela. Possivelmente Paulo e Barnabé já possuíam anterior convicção do chamado de Deus e esta verdade foi aqui revelada para toda a igreja.

2. Qual o conteúdo da revelação do Espírito Santo à Igreja em Antioquia ?

Foi algo muito vago e possivelmente nos ensina que devemos nos contentar com as instruções de Deus para o dia de hoje. A instrução do Espírito Santo foi “separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”, muito semelhante ao chamado de Abrão: “vai para a terra que te mostrarei”. Na verdade em ambos os casos o chamado era claro mas a terra e o país não.

Precisamos observar também que tanto Abrão como Saulo e Barnabé precisariam, para obedecerem a Deus, darem um passo de fé.

3. Como foi revelado o chamado de Deus ?

Não sabemos. O mais provável é que Deus tenha falado à igreja através de um de seus profetas. Mas seu chamado também poderia ter sido interno e não externo, ou seja, através do testemuho do Espírito em seus corações e mentes. Independente de como o receberam, a primeira reação deles foi a de orar e jejuar, em parte, ao que parece, para testar o chamado de Deus e em parte para interceder pelos dois que seriam enviados. Notamos que o jejum não é mencionado isoladamente. Ele é ligado ao culto e à oração, pois raras vezes, ou nunca, o jejum é um fim em si mesmo. O jejum é uma ação negativa em relação a uma função positiva. Então jejuando e orando, ou seja, prontos para a obediência, “impondo sobre eles as mãos os despediram”.

Isto não era uma ordenação ao ministério muito menos uma nomeação para o apostolado já que Paulo insiste que seu apostolado não era da parte de homens, mas sim uma despedida, comissionando-os para o serviço missionário.

4. Quem comissionou os missionários?

De acordo com Atos 13:4 Barnabé e Saulo foram enviados pelo Espírito Santo que anteriormente havia instruído a igreja no sentido de separá-los para ele. Mas de acordo com o versículo seguinte foi a igreja que, após a imposição de mãos, os despediu. É verdade que o ultimo verbo pode ser entendido como “deixou-os ir”, livrando-os de suas responsabilidades de ensino na igreja, pois às vezes Lucas usa o verbo “adulou” no sentido de soltar. Mas ele também o usa no sentido de dispensar. Portanto creio que seria certo dizer que o Espírito os enviou instruindo a igreja a fazê-lo e que a igreja os enviou, por ter recebido instruções do Espírito. Esse equilíbrio é sadio e evita ambos os extremos. O primeiro é a tendência para o individualismo pelo qual uma pessoa alega direção pessoal e direta do Espírito sem nenhuma referencia à igreja. O segundo é a tendência para o institucionalismo, pelo qual todas as decisões são tomadas pela igreja sem nenhuma referencia ao Espírito.

Conclusão

Não há indícios para crermos que Saulo e Barnabé eram voluntários para o trabalho missionário. Eles foram enviados pelo Espírito através da igreja. Portanto cabe a toda igreja local, e em especial aos seus líderes, ser sensível ao Espírito Santo, a fim de descobrir a quem ele está concedendo dons ou chamado.

Chamado missionário não é um ato voluntário, é uma obediência à visão do Senhor.
Assim precisamos evitar o pecado da omissão ao deixarmos de enviar ao campo aqueles irmãos com clara convicção de que foram chamados por Deus, bem como a precipitação de o fazermos com outros que possuem os dons para tal, mas sem confirmação do Espírito à igreja.

O equilíbrio é ouvir o Espírito, obedecê-lo e fazer da igreja local um ponto de partida para os confins da terra.

John R. W. Stott é conhecido pregador e estudioso da Palavra. Pastoreou por vários anos a Igreja de All Souls em Londres. É diretor do London Institute for Contemporary Christianity e autor de diversos livros como “A mensagem do sermão do Monte”, “A mensagem de Efésios” e “Crer é também Pensar”. 

A IGREJA ANTI-TEOLOGIA


Algumas igrejas insistem num discurso que, no mínimo, se assemelha a igreja Católica no período das inquisições. A triste homilia daqueles que vêem na teologia o câncer eclesiástico estão simplesmente repetindo a história que envergonhou a humanidade, onde a Igreja perseguiu e matou homens pelos simples fato de pensarem de modo diferente.

A perseguição contra aqueles que ousam pensar, especialmente no que tange a teologia e outras questões espirituais sempre viveram sob a ameaça, tanto dos “papas” católicos como também dos “papas” evangélicos. Entretanto, o que é teologia senão aproximar o homem de Deus? Qualquer outra definição que não conduza para esta mesma linha de pensamento está distante da verdadeira teologia.

A luta anti-teologia é na verdade uma luta contra o pensar, pois é muito mais fácil manipular as massas sem estudo do que os “rebeldes” que pensam criticamente o sistema e as motivações imperceptíveis. O problema da igreja não está na teologia, mas na falta de teologia.

O discurso proibitivo contra a teologia se camufla na verdadeira intenção que ao que parece é abafar e controlar as mentes fracas que indubitavelmente permeiam os recônditos eclesiásticos. Uma igreja que não pensa de maneira teológica não pode ser uma igreja, pois qualquer pregação que seja bíblica terá que ser teológica, ou então não é bíblica.

Os seminários teológicos deveriam estar cheios, mas infelizmente não é muito difícil encontrar escolas teológicas que estão com dificuldades financeiras, prestes a fecharem as portas. Isto é o resultado de uma mentalidade eclesiástica medíocre, que se contenta em fazer um curso de no máximo 9 meses, com aulas apenas uma vez por semana e acham que não precisam mais estudar. Infelizmente, o reflexo de uma igreja sem estudo teológico é a execrável realidade de um aglomerado de fanáticos e místicos.

O cristianismo pós-moderno tem posto a experiência pessoal acima das crenças bíblias, o que contribuí substancialmente para uma degeneração do Corpo de Cristo. A Bíblia perde espaço para manifestações bizarras e desprovidas de fundamentação bíblica. Entretanto, tal situação é sutil aos olhos daqueles que fazem da igreja o seu comercio pessoal.

Martinho Lutero quando fez a Reforma Protestante em 1517 travou uma luta para recolocar a bíblia de volta no lugar devido, ou seja, no centro da igreja e no âmago da cristandade. Que possamos ser revestidos da autoridade de Deus e defender a qualquer custo o ensino teológico nas igrejas evangélicas antes que seja tarde demais e venhamos a precisar de uma nova reforma, só desta vez dentro das igrejas evangélicas.

Ainda se escuta a profecia de Isaias: “portanto o meu povo será levado cativo, por falta de entendimento...” - Isaias 5:13.

Que Deus no ajude!

                                                                             

Por Vinicius O. S. Guimarães*

                                                                                  

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CRENTE MICROONDAS

A sociedade em busca de praticidade se satisfez por completo com um eletrodoméstico denominado microondas. A idéia é fazer ou esquentar alimentos em curtíssimo prazo de tempo. Entretanto, não se pode negligenciar os resultados do mesmo. O alimento fica pronto rapidamente, mas via de regra também fica borrachudo.

Uma refeição feita em fogão convencional demora muito mais tempo do que se fosse feita no microondas. Todavia, a diferença de sabor entre ambos é gritante. Trava-se, portanto, um antigo e polêmico confronto: tempo X qualidade.

O microondas é o retrato perfeito da sociedade globalizada altamente influenciada pelo capitalismo doentio, onde tudo se resume em: praticidade, conforto e rapidez a qualquer custo. O foco principal não está na qualidade de vida, apenas nos resultados instantâneos.

A igreja evangélica tem se tornado um grande microondas. Tal realidade é notória pelo afago desesperado de se formar ligeiramente os membros. Contudo, o resultado é óbvio: crentes rápidos, porém borrachudos.

Os cursos relâmpagos e/ou intensivos são rotinas constantes no âmbito eclesiástico, porém o aproveitamento é quase zero. Os pedagogos afirmam que o fato de jorrar informações sobre os ouvintes, não necessariamente, garante captação e armazenamento do conteúdo ministrado. Ser rápido (microondas) na formação religiosa é antididático (desprovido de qualidade).

Os líderes eclesiásticos preferem formar rapidamente os novos convertidos, pois dessa maneira é mais rentável e aparentemente mais fácil. Um crente microondas não é um ser pensante, criativo, reflexivo, crítico e muito menos sonhador, é apenas um contribuinte (leia-se dizimista). Infelizmente, uns fingem que ensinam, outros fingem que aprendem. É rápido, mas borrachudo!

Os sintomas de um crente microondas são facilmente perceptíveis. São pessoas sem fundamentos, sem conhecimento bíblico, sem profundidade na vida cristã e sem preparo adequado. Esses são aqueles que se contentam com uma pregação requentada domingo após domingo.

Jesus não tinha pressa em transformar as pessoas ou treiná-las para serem líderes. Cristo sabia que a qualidade está intimamente ligada ao fator tempo. Não estou dizendo que ser lento em demasia é a formula certa para se ter cristãos de qualidade, porém ponderar o equilíbrio entre rapidez e lerdeza é a direção mais sensata.

Chega de se encher as igrejas de crentes microondas. A busca pela qualidade desconhece o peso do tempo. As vidas são peças relevantes na engrenagem de Deus. O individuo é mais importante que o sistema.

Crentes microondas: rápidos, porém borrachudos!

Que Deus nos ajude!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

ENTENDENDO O ANALFABETISMO BÍBLICO NO BRASIL




Por Vinicius O. S. Guimarães*


Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos,
não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual”
                 
O Brasil é o penúltimo lugar no ranking de alfabetização na América do Sul, segundo fonte do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, divulgado em 2007. O Brasil tem aproximadamente 11,1 % da população que não sabem ler e escrever, isto representa algo próximo a 14 milhões de pessoas. Deste modo, o Brasil faz parte de um grupo de países alvo da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – Unesco, equiparando-se a outros países como Egito, Marrocos, China, Indonésia, Bangladesh, Índia, Irã, Paquistão, Etiópia e Nigéria. Tristemente, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad, divulgado em 2007, apontam que menos de 50% dos alunos de 15 a 17 anos estão no ensino médio no Brasil. Por estas e outras razões, o analfabetismo lingüístico brasileiro se constitui num dos maiores desafios sócio-educacionais.

Nas periferias brasileiras se encontram a maioria destes aglomerados de analfabetos, agravando a desigualdade social e abafando perspectivas de vidas. Paradoxalmente (e divinamente) foi neste cenário caótico que a Igreja Brasileira conseguiu se estabelecer e crescer, principalmente a linha evangélica denominada Pentecostal. Há pesquisadores que admitem que a Igreja se tornou o ponto de referencia para estas comunidades em estado de vulnerabilidade social, pois nas periferias há ausência do Governo, pouca infra-estrutura e distanciamento dos centros acadêmicos, entre outras razões. Assim, nas periferias brasileiras surgiu a Igreja, como que sendo uma “luz no fim do túnel” do analfabetismo e combatendo a desigualdade social.

A Igreja se estabeleceu nas periferias como um ponto de reconstrução e reintegração social. Assim sendo, a proposta eclesial se demonstrou nobre e satisfez pressupostos bíblicos. Contudo, para que tal iniciativa pudesse influenciar de forma significativa as comunidades carentes seria necessário um grupo de pessoas capacitadas intelectualmente e teologicamente, o que invariavelmente não aconteceu. As grandes Igrejas que tinham condições de fazer algo para diminuir o analfabetismo ou de minimizar as discrepâncias sociais não quiseram sair da redoma de conforto presente nas igrejas dos centros metropolitanos. O resultado era inevitável, surgiu nas periferias um novo modelo de analfabetismo, que será denominado: analfabetismo bíblico.

O analfabetismo bíblico surge originalmente desta incapacidade intelectual e teológica dos grupos religiosos das periferias, que por vez foram intencionalmente “esquecidos” pela própria cristandade mais abastada. Por uma ausência de discipulado, os líderes evangélicos das periferias tiveram que aprender sozinhos como entender a bíblia, mesmo sem entender de língua portuguesa. Estes analfabetos igreijeiros de baixa classe social às vezes conseguem ler o texto bíblico e quase sempre não conseguem interpretar. E então, por falta de orientação espiritual e lingüística, eles distorceram e distorcem os textos bíblicos, ou pior, como não sabem interpretar, a “válvula de escape” mais tangível foi espiritualizar o texto por meio das famosas “revelações”.
Estes analfabetos bíblicos são frutos do desapreço da Igreja Brasileira. As igrejas deveriam ter desenvolvido um bom plano educacional de alfabetização, e posteriormente um excelente plano educacional de teologia. Por esta ausência lingüística e teológica tem-se que admitir que interpretar erroneamente os textos bíblicos foi o único caminho que estes cristãos da periferia conseguiram trilhar para não perderem a fé. Portanto, culpar estes por não usarem os princípios hermenêuticos para corretamente interpretar as Sagradas Escrituras é no mínimo fingir não ver a realidade social em que estes estão inseridos. Os analfabetos bíblicos da periferia são antes de qualquer coisa analfabetos lingüísticos, ou seja, eles erram por falta de conhecimento e por serem indubitavelmente limitados gramaticalmente.

O caminho de volta para refazer as lacunas do analfabetismo bíblico nas periferias parece ser dificílimo, pois várias destas igrejas desfrutaram de um crescimento numérico. E, tristemente, a numerolatria – veneração por crescimento numérico na igreja, se tornou o “fiel da balança” para mensurar se algo está certo ou errado na cristandade. Sendo assim, os olhos estão postos no fim, não no meio, e como o fim é distante demais para se realmente ver é mais cômodo acreditar que “vai dar tudo certo” e que este analfabetismo bíblico das periferias é apenas a “multiforme graça de Deus” e/ou maneiras de se viver a “liberdade cristã”. Assim, um grande erro eclesiástico se tornou mais aceitável pelas cegas massas evangelicais.

Os que ingenuamente são analfabetos bíblicos por falta de iniciativas sociais podem reescrever uma nova história nas periferias do Brasil, pois o que lhes faltam é somente qualificação, e isto se adquire em cursos. Contudo, há outro tipo de analfabeto bíblico que não se encontra nas periferias brasileiras, mas sim nos grandes centros urbanos do país. Este segundo tipo de analfabetos bíblicos é o que realmente destroem a Igreja, pois estes têm conhecimento da verdade, mas intencionalmente distorcem a mensagem bíblica a fim de ludibriar os fiéis. Estes são analfabetos por convicção e conseguem tornar rentável a distorção de textos sagrados, anulando completamente os princípios básicos da hermenêutica bíblica. Os analfabetos bíblicos das periferias o são por falta de oportunidades, os analfabetos bíblicos dos centros urbanos o são por desmoralização.

Os analfabetos bíblicos dos centros urbanos são pessoas altamente instruídas linguisticamente, mas completos ignorantes no que tange à teologia e estudo bíblico. A premissa básica para que haja a proliferação destes analfabetos bíblicos é simples, pois um povo sem instrução bíblica é facilmente manipulável. Um povo sem direção teológica acredita em tudo sem questionar as reais intenções por detrás das engenhosas oratórias dos líderes. Uma igreja sem conhecimento profundo das Sagradas Escrituras precisa ficar motivando as pessoas todos os domingos, o que os torna altamente dependentes de programas eclesiásticos dominicais.  Um arraial sem cultura teológica prefere sentir a ter que pensar, preferem música a ter que ouvir pregações, preferem o lúdico a ter que utilizar a caneta.

Os analfabetos bíblicos dos centros urbanos são enfermos demasiadamente perigosos e auto-destrutivos para a cristandade. Estes vivem numa pandemia degenerativa, pois desconstroem a centralidade bíblica no seio da igreja, incitam uma neurose desmedida aos líderes, valem-se da fé como meio de satisfação pessoal e contaminam a verdade salvífica de Cristo Jesus. Estes analfabetos bíblicos visam enfraquecer as massas com a ausência de Bíblia nos cultos, evitado assim que as pessoas sejam seres pensantes e agentes de transformação. Sempre discursam mensagens que não tem implicação fora do ambiente eclesiástico dominical, o que provoca um retardo espiritual incalculável nos ouvintes.

Os analfabetos bíblicos dos centros urbanos são cristãos sem os pilares da teologia o que favorece imperceptivelmente a proliferação do sincretismo religioso. Por exemplo: a oração pelo copo com água – prática do espiritismo que visa à fluidificação da água o que supostamente ajuda no equilíbrio do corpo físico e espiritual; o comércio de relíquias sagradas (e.g. arca da aliança, cruz e etc) – práticas do catolicismo romano medieval que visam a personificação do sagrado e a aproximação com o divino; a veneração pelo templo como Casa de Deus – prática do judaísmo que entendia que Deus habitava literalmente e limitadamente no Templo, por isto o salmista carinhosamente o chamou de Casa de Deus.

As causas deste analfabetismo bíblico dos centros urbanos são inúmeras, mas todas têm uma mesma origem: líderes despreparados teologicamente. Algumas mudanças comportamentais poderiam ajudar, por exemplo, o simples fato das Igrejas exigirem dos candidatos a vocação pastoral um curso de teologia reconhecidamente competente já minimizaria substancialmente este problema. Contudo, tal alínea merece uma ressalva por atualmente haver vários cursos de teologia no Brasil que são meras fachadas acadêmicas, pois não estimulam o pensar teológico, não “provocam” os alunos a produzirem um saber bíblico e não constroem uma teologia útil para a edificação da Igreja.

A banalização do título de pastor no Brasil foi outro fator que corroborou de forma expressiva para a sedimentação dos analfabetos bíblicos nas igrejas tupiniquins. Há tempos atrás era exigido um compêndio de exigências morais, éticas, familiar, espirituais e teológicas dos candidatos ao episcopado. Entretanto, as ordenações em muitas denominações evangélicas brasileiras se resumem em nepotismos e interesses políticos. A falta de exigências intelectuais e espirituais favoreceu a banalização do título de pastor, mas não anulou o poder de influencia deste sobre as massas. Daí tem-se analfabetos bíblicos pastoreando ovelhas que por “tabela” o serão também.

E por fim, há analfabetos bíblicos no Brasil, pois os brasileiros por natureza confundem incapacidade crítica com ser receptivo, confundem falta de convicção com ser compassivo e confundem desinteresse social com ser tolerante. O que a Igreja Brasileira está precisando é de bons pastores-professores de teologia que sejam apaixonados pela igreja ao ponto de não desistirem dela. Educadores teológicos que sejam capazes de criticar os erros da igreja brasileira, mas que descortinem um caminho melhor, possível e mais bíblico. Pastores-professores que sejam alfabetizados biblicamente ao ponto de se disporem a lutar por uma (re)construção intelectual e espiritual no seio da Eclésia, quer estes estejam na periferia ou nos centros urbanos.

“Sustenta-me conforme a tua palavra, para que viva, e não me deixes envergonhado da minha esperança. Sustenta-me, e serei salvo, e de contínuo terei respeito aos teus estatutos”.

Que Deus nos ajude!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A ORAÇÃO SIMPLES


Não existe oração errada. Aliás, a oração errada é aquela que não é feita. A Bíblia Sagrada ensina que se deve orar a respeito de tudo. Orar por qualquer motivo, qualquer hora, qualquer lugar, sempre que o coração não estiver em paz. Tão logo o coração experimente apreensão, preocupação, medo, angústia, enfim, seja perturbado por alguma coisa, a ação imediata de quem confia em Deus é a oração.

O apóstolo Paulo diz que não precisamos andar ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, com ação de graças, devemos apresentar nossos pedidos a Deus, tendo nas mãos a promessa de que a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará nossos sentimentos e pensamentos em Cristo Jesus (Filipenses 4.6,7). A expressão "coisa alguma" inclui desde uma vaga no estacionamento do shopping center quanto o fechamento de um negócio, o desejo de que não chova no dia da festa quanto a enfermidade de uma pessoa querida.

Esta experiência de oração é chamada de oração simples: orar sem censura filosófica ou teológica, orar sem se perguntar "é legítimo pedir isso a Deus?" ou "será que Deus se envolve nesse tipo de coisa?". Simplesmente orar.

A garantia que temos quando oramos assim é a paz de Deus em nossos corações e mentes. A Bíblia não garante que Deus atenderá nossos pedidos exatamente como foram feitos: pode ser que a vaga no estacionamento não seja encontrada e que chova no dia da festa. A oração não se presta a fazer Deus trabalhar para nós, atendendo nossos caprichos e provendo o nosso conforto. Já que a causa da oração simples é a ansiedade, a resposta de Deus é a paz. O resultado da oração não é necessariamente a mudança da realidade a respeito da qual se ora, mas a mudança da pessoa que ora. A mudança da situação a respeito da qual se ora é uma possibilidade, a mudança do coração e da mente da pessoa que ora é uma realidade. Deus não prometeu dizer sim a todos os nossos pedidos, mas nos garantiu dar paz e nos conduzir à serenidade. Não prometeu nos livrar do vale da sombra da morte, mas nos garantiu que estaria lá conosco e nos conduziria em segurança através dele.

O maior fruto da oração não o atendimento do pedido ou da súplica, mas a maturidade crescente da pessoa que ora. Na verdade, a estatura espiritual de uma pessoa pode ser medida pelo conteúdo de suas orações. Assim como sabemos se nossos filhos estão crescendo observando o que nos pedem e o que esperam de nós, podemos avaliar nosso próprio crescimento espiritual através de nossos pedidos e súplicas a Deus. As orações revelam o que realmente ocupa nossos corações, o que realmente é objeto dos nossos desejos, o que nos amedronta, nos desestabiliza e nos rouba a paz.

O apóstolo Paulo diz que quando era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Mas quando se tornou homem, deixou para trás as coisas de menino (1Coríntios 13.11). Não existe oração certa e errada. Mas existe oração de menino e oração de homem. Oração de menina e oração de mulher. A diferença está no coração: coração de menino e de menina, ora como menino e menina. A nossa certeza é que Deus também gosta de crianças. Por Ed René Kivitz

PLANTIO DE IGREJAS E COMUNICAÇÃO TRANSCULTURAL


Entendendo o mundo invisível

Introdução

Observando grupos animistas e suas sociedades ao redor do mundo vemos que a religião está na raíz de cada cultura como um fator determinante dos princípios da vida. Sem exageros poderíamos afirmar que, na cosmovisão animista, religião é vida e vida é religião. De forma simples poderíamos definir Animistas como um povo no qual, em todas as coisas, é religioso.

Estudando alguns grupos animistas já alcançados pelo evangelho com diferentes níveis de influência cristã comecei a entender que em muitas situações há um abismo de conceitos, interpretações e valores entre os conceitos cristãos e a forma tribal de entender religião gerando assim altas barreiras para o amadurecimento e crescimento da igreja. Uikiid, um cristão em Gana vindo de um contexto animista uma vez disse: “Nós não decidimos fazer parte da nossa religião tribal (fetichismo); nós simplesmente somos parte dela. Nossa tribo não seria uma tribo sem nossa religiãol”. H. Stuart, um antropólogo inglês, afirmou que “por muitos anos observei que crentes africanos vindo de contextos animistas entendiam os princípios cristãos somente quando estavam fora da influência tribal. Voltando para suas aldeias tornavam-se animistas de novo”.

É necessário entender que a mensagem do evangelho não é uma proposta importada para a cultura alvo nem mesmo um diálogo aberto onde valores bíblicos são negociados. É portanto uma resposta (supra cultural mas culturalmente aplicável) de Deus para homens de todas as culturas em todas as gerações, respondendo as questões mais profundas de cada coração.

Assim sendo torna-se profundamente importante percebermos quais são as ‘perguntas’ que desafiam a sociedade alvo antes de começarmos a expor as respostas.

Tradicionalmente o trabalho missionário envolve trazer o evangelho como um pacote fechado que deve ser entendido em seu contexto original. Entretanto, sem conhecer as questões que atormentam e desafiam a cultura alvo torna-se impossível abordar as áreas de tensão na cosmovisão animista especialmente quando tratamos de uma sociedade onde a base do princípio da vida está na possibilidade de resolver problemas diários. O resultado de uma apresentação do evangelho sem pré análise cultural tem sido ao longo da história o sincretismo religioso ou a simples falta de entendimento do evangelho, resultando em afirmações como a de Uikiid e H. Stuart acima.

No sincretismo religioso, Animismo e Cristianismo dividem o mesmo universo. E sabemos que o sincretismo religioso é o declínio da influência missionária onde a possibilidade de apresentação de um evangelho bíblico torna-se uma tarefa dantesca por pelo menos duas ou três gerações.

Na falta de entendimento do sentido do evangelho, por outro lado, cria-se uma Igreja imatura que dificilmente experimentará um crescimento normal não sendo capaz de transmitir o evangelho de forma que faça sentido ao restante do grupo. Um dos grandes desafios que temos perante nós hoje é aprender com o nosso passado e pregar um evangelho que faça sentido na sociedade.

Creio que, na tentativa de avaliar o impacto do evangelho em um grupo que vive em contexto animista, há três principais questões que deveríamos tentar responder:

1. Eles percebem o evangelho como sendo uma mensagem relevante em seu próprio universo ?
2. Eles entendem os princípios cristãos em relação à cosmovisão tribal ?
3. Eles aplicam os valores do evangelho como respostas para os seus conflitos de vida ?

Para analizar parte do problema primeiramente nós precisamos entender que uma sociedade animista possui, em níveis diferentes, vive sob um conceito integral, natural e contrapuntual de religião. E quando o evangelho for apresentado haverá uma grande expectativa de vê-lo promovendo soluções e respostas para estas áreas de conflitos vitais. A falha em propô-lo como resposta existencial resultará em sincretismo ou rejeição.

1. Uma cosmovisão Integral requer um evangelho que trate tanto do céu quanto da terra.

No universo Animista o religioso não se distingue do não religioso; o sagrado do secular; o espiritual do material; o corpo da alma. Religião é parte de toda expressão da vida. Seja comendo, trabalhando, lutando ou descansando a cosmovisão religiosa está presente portanto o universo Animista é um universo integral e não dicotômico.

Nascer em uma sociedade animista tradicional significa tomar parte em todos os rituais e cerimônias que integram as crenças e valores os quais provam não haver ali ateístas. Religião é essencialmente parte da vida. Todas as ações, fatos, eventos e fenômenos possuem um sentido religioso ou são definidos dentro de uma cosmovisão religiosa.

“Animismo”, derivado do Latim “anima” que significa “respirar” está associado à idéia de alma ou espírito que está presente em todas as coisas “animando” o mundo e universo. Assim árvores, rochas, terra e água podem ser vistos como elementos controlados por espíritos onde o visível e invisível se misturam. Crê-se que espíritos podem possuir certos objetos e torná-los suas habitações e através disto exercer influência sobre uma pessoa, família, grupo ou toda uma geração.

Isto primeiramente significa que estamos tratando de uma cosmovisão com valores definidos. Em segundo lugar, esta cosmovisão consiste na mistura de forças visíveis e invisíveis que se relacionam entre si.

Um outro valor central na cosmovisão animista é a religião como um elemento utilitário na sociedade. Estudando as orações dirigidas a espíritos, ancestrais e deuses em cerimônias tradicionais vemos que a maior parte dos pedidos são por bênçãos como fertilidade, saúde, paz, cura, longevidade e vitalidade. Não salvação. Normalmente cerimônias, sacrifícios e orações na cosmovisão animista são a arte de usar poderes sobrenaturais para promover o bem estar humano. Note que religião aqui torna-se mais utilitária e prática do que teológica, uma forma de união entre Deus e homem.

Tenho percebido que cursos para liderança cristã provinda de um contexto animista tem um grande impacto em suas vidas quando princípios bíblicos são aplicados para guiar o povo através dos conflitos diários. Um homem Chokossi uma vez falou-me: “vocês cristãos precisam aprender como falar mais acerca dos efeitos da salvação enquanto estamos vivos, pois já sabemos que no céu será tudo maravilhoso”. O primeiro resultado de uma comunicação não integral do evangelho para uma sociedade animista é que o impacto do mesmo será minimizado. E isto é perigoso, pois gera igrejas imaturas.



2. Um mundo Natural necessita mais do que uma apresentação lógica e apologética do evangelho para entender o plano de salvação de Deus

Animistas não se baseiam em um sistema organizado de doutrinas e teologia, o que evidencia a falta de uma teologia sistemática entre eles. Baseiam-se totalmente na experiência. Não há uma pessoa específica dizendo ter recebido uma mensagem diretamente de Deus para guiar o povo em sua vida moral e espiritual. Há evidências apenas de mensagens recebidas em alguns grupos mas de forma tão esporádica que não formam uma base coerente de valores teológicos. É também impossível, no animismo, apontar-se para um específico homem ou data quando a religião foi fundada. A implicação desta realidade para a comunicação do evangelho é que qualquer tentativa apologética para convencer a sociedade que Cristo é o caminho para Deus não terá um efeito profundo no grupo pois a verdade para eles não se baseia em evidências históricas mas sim em experiências diárias de vida.

Em outras palavras, uma pessoa pertencente a um grupo animista observará muito mais as provas diárias no mundo visível que o Cristianismo lhe trás do que a lógica do seu conteúdo histórico. Se você diz: “Deus é bom” eles esperarão cura, prosperidade, fertilidade e longevidade mesmo sendo o seu conceito de “bondade” diferente.

Entre os Quechuas no Peru a Igreja quase naufragou quando a teologia da libertação se chocou com uma década de sofrimento e perseguição e muitos líderes foram mortos. Creio que Deus usou três líderes quechuas para avaliarem e aplicarem a Palavra nesta situação, respondendo as perguntas levantadas pelo povo.

Após isto nós pudemos ver uma Igreja que sobreviveu e se expandiu, mesmo durante a década de horror. Um hino quechua que ouvi durante um culto naquela época de medo e terror diz assim:
“Deus é grande e tem as respostas;
Mesmo quando está quieto, Deus é maior que o homem;
Quando o sofrimento vier nós oraremos e esperaremos;
Mesmo quando se cala; Deus é maior que a dor ”.

3. Um Animismo contrapuntual exige a manifestação não apenas das causas, mas também da fonte dos conflitos da vida

Precisamos entender que, na cosmovisão animista, causa e consequencia não são vistas dentro do conceito contrapuntual ocidental. Eles começam com uma situação que pede explicações, e talvez intervenção dos ancestrais ou espíritos relacionados. Esta situação pode ser individual ou comunitária como enfermidades, epidemias, infertilidade ou fome. Para eles estes problemas devem possuir não apenas causa, mas também fonte.

Se um ocidental tem pneumonia, normalmente a reação é tratá-la de acordo com a historia de medicamentos e estatísticas de cura. É visto como mais um caso de pneumonia. Na cosmovisão animista esta pneumonia será vista como um problema único. Nenhuma atitude será tomada antes que se saiba o “porquê” desta pessoa estar enfrentando tal situação. A fonte do problema é o fator mais importante e requer um estudo inicial feito normalmente pelos anciãos, curandeiro ou feiticeiro.

Em uma aldeia chamada Jimoni experimentei uma situação clássica quando um homem estava quase a morte devido a problemas do coração. Dirigi algumas horas até parar próximo ao rio Molan, atravessando-o em uma canoa, e chegando à aldeia na tentativa de convencer os anciãos a deixar-me levá-lo a um hospital fora da região tribal. O problema era sério e o homem perdera os sentidos. Eles se reuniram e passaram duas horas e meia tentando descobrir porque aquilo estava acontecendo. Falaram de problemas de relacionamento, palavras que ele havia dito e até mesmo circunstâncias anteriores ao seu nascimento. Finalmente um deles sugeriu que me permitissem levá-lo pois poderiam continuar a conversa mesmo na nossa ausência. Enquanto saíamos carregando aquele enfermo vi pessoas sentadas e quietas por todo o canto, e todos eles procuravam o “porquê”.

Este é um dos motivos pelos quais, em contexto de plantio de igreja entre grupos animistas, precisamos apresentar de forma clara e direta a teologia soteriológica a partir da queda, com forte exposição do pecado humano, o sacrifício do Cordeiro Jesus e o perdão divino. Estando estas ‘fontes’claras em suas mentes e corações será bem mais fácil o entendimento da transformação humana e vida cristã.



Conclusão – Aplicando a teolgia bíblica no mundo animista

Nossa preocupação até o momento tem sido evitar que Jesus Cristo seja apresentado apenas como uma resposta para as perguntas que os missionários fazem – uma solução apenas para o mundo externo.

Tippett enfatiza que “quando um povo tribal em uma certa comunidade passa a ver Jesus como um Senhor pessoal, e não um Cristo estrangeiro; quando eles agem de acordo com valores cristãos aplicados à própria cultura vivendo um evangelho que faz sentido à sua cosmovisão; quando eles adoram ao Senhor de acordo com critérios que eles entendem... então nós teremos ali uma igreja entre eles ”.

Contextualizar o evangelho é traduzi-lo de tal forma que o senhorio de Cristo não será apenas um princípio abstrato ou mera doutrina importada, mas sim um fator determinante de vida em toda sua dimensão e critério básico em relação aos valores culturais que formam a substância com a qual avaliamos o existir humano.

Para que isto aconteça é necessário observar alguns critérios para a comunicação do evangelho:

1. Toda comunicação do evangelho dever ser baseada nos princípios bíblicos não sendo negociada pelos pressupostos culturais das culturas doadoras e receptoras do mesmo. Entendo que a Palavra de Deus é tanto transculturalmente aplicável quanto supraculturalmente evidente. É portanto suficiente para todo homem em todas as culturas e gerações.

2. A comunicação transcultural do evangelho dever ter como objetivo final ver a Igreja de Jesus plantada de forma autóctone, com capacidade própria para expansão e amadurecimento. O treinamento de uma comunidade autóctone deve, portanto, estar na mente do movimento missionário antes mesmo da sua chegada.

3. A comunicação transcultural do evangelho deve ser uma atividade realizada a partir da observação, estudo, aplicação e constante reavaliação da mensagem que está sendo comunicada. O objetivo desta constante vigilância é propor um evangelho que possa ser traduzido culturalmente fazendo sentido também para a rotina da vida. É necessário fazer o povo perceber que Deus fala a sua língua.

Fazendo isto esperamos apresentar Cristo como resposta para as questões da vida no universo animista. Um Cristo que seja solução, também, para seu mundo.

O Espírito Santo e as Missões


Neste artigo pensaremos juntos sobre a relação do Espírto Santo com a obra missionária, a clara ligação entre Sua manifestação em Atos 2 e Atos 13 e a promoção da evangelização aos de perto e aos de longe.
Se olharmos o panorama mundial da Igreja evangélica perceberemos que o crescimento evangélico foi 1.5 % maior que o Islã na ultima década. O Evangelho já alcançou 22.000 povos nestes últimos 2 milênios. Temos a Bíblia traduzida hoje em 2.212 idiomas. As grandes nações que resistiam o Evangelho estão sendo fortemente atingidas pela Palavra, como é o caso da Índia e China, que em breve deverão hospedar a maior Igreja nacional sobre a terra. Um movimento missionário apoiado pela Dawn Ministry plantou mais de 10.000 igrejas-lares no Norte da Índia na última década, em uma das áreas tradicionalmente mais fechadas para a evangelização. No Brasil menos evangelizado como o sertão nordestino, o norte ribeirinho e indígena, e o sul católico e espírita, vemos grandes mudanças na última década, com nascimento de novas igrejas, crescimento da liderança local e um contínuo despertar pela evangelização. No Brasil urbano a Igreja cresceu 267% nos últimos 10 anos. Apesar dos diversos problemas relativos ao crescimento e algumas questões de sincretismo que são preocupantes no panorama geral, vemos que o Evangelho tem entrado nos condomínios de luxo de São Paulo e nos vilarejos mais distantes do sertão, colocando a Palavra frente a frente com aquele que jamais a ouvira antes. Há um forte e crescente processo de evangelização no Brasil.

Duas perguntas poderiam surgir perante este quadro: qual a relaçao entre a expansao do Evangelho e a pessoa do Espírito Santo ? E quais os critérios para uma Igreja, cheia do Espírito, envolver-se com a expansão do Evangelho do Reino ?

Em uma macro-visão creio que esta relação poderia ser observada em três áreas distintas, porém, interrelacionadas: a essência da pessoa do Espírito e Sua função na Igreja de Cristo; a essência da pessoa do Espírito e Sua função na conversão dos perdidos; e por fim a clara ligação entre os avivamentos históricos e o avanço missionário.


A essência da pessoa do Espírito e sua função na Igreja de Cristo.

Em Lucas 24 Jesus promete enviar-nos um consolador, que é o Espírito Santo, e que viria sobre a Igreja em Atos 2 de forma mais permanente. Ali a Igreja seria revestida de poder. O termo grego utilizado para ‘consolador’ é ‘parakletos’ e literalmente significa ‘estar ao lado’. É um termo composto por duas partículas: a preposição ‘para’ - ao lado de - e ‘kletos’ do verbo ‘kaleo’ que signfica chamar. Portanto vemos aqui a pessoa do Espírito, cumprimento da promessa, habitando a Igreja, estando ao seu lado para o propósito de Deus.

Segundo John Knox a essência da função do Espírito Santo é estar ao lado da Igreja de Cristo, fazê-la possuir a Face de Cristo e espalhar o Nome de Cristo. Nesta percepção, O Espírito Santo trabalha para fazer a Igreja mais parecida com seu Senhor e fazer o nome do Senhor da Igreja conhecido na terra.

A essência da pessoa do Espírito e sua função na conversão dos perdidos.

Cremos que é o Espírito Santo quem convence o homem do seu pecado.
O homem natural sabe que é pecador porém apenas com a intervenção do Espírito ele passa a se sentir perdido. Há uma clara, e funcional, diferença entre sentir-se pecador e sentir-se perdido. Nem todo homem convicto de seu pecado possui consciência de que está perdido, portanto, necessitado de redenção. Se o Espírito Santo não convencer o homem do pecado e do juizo, nossa exposição da verdade de Cristo não passará de mera apologia humana.

A Igreja plantada mais rapidamente em todo o Novo Testamento foi plantada por Paulo em Tessalônica. Ali o apóstolo pregava a Palavra aos sábados nas sinagogas e durante a semana na praça e o fez durante 3 semanas, nascendo ali uma Igreja. Em 1º Tess. 1:5 Paulo nos diz que o nosso evangelho não chegou até vos tão somente em palavra (logia, palavra humana) mas sobretudo em poder (dinamis, poder de Deus), no Espírito Santo e em plena convicção (pleroforia, convicção de que lidamos com a verdade).

O Espírito Santo é destacado aqui como um dos três elementos que propiciou o plantio da igreja em Tessalônica. Sua função na conversão dos perdidos, em conduzir o homem à convicção de que é pecador e está perdido, sem Deus, em despertar neste homem a sede pelo Evangelho e atraí-lo a Jesus é clara. Sem a ação do Espírito Santo a evangelização não passaria de apologia humana, de explicações espirituais, de palavras lançadas ao vento, sem público, sem conversões, sem transformação.


A clara ligação entre os avivamentos históricos e os movimentos missionários.


Se observarmos os ciclos de avivamentos perceberemos que a proclamação da Palavra torna-se uma consequência natural desta ação do Espírito. Vejamos.

Fruto de um avivamento, a partir de 1730 John Wesley durante 50 anos pregou cerca de 3 sermões por dia, a maior parte ao ar livre, tendo percorrido 175.000 km a cavalo pregando 40.000 sermões ao longo de sua vida.

Fruto de um avivamento, em 1727 a Igreja moraviana passa a enviar missionários para todo o mundo conhecido da época, chegando ao longo de 100 anos enviar mais de 3.600 missionários para diversos países.

Fruto de um avivamento, em 1784, após ler a biografia do missionário David Brainard, o estudante Wiliam Carey foi chamado por Deus para alcançar os Indianos. Após uma vida de trabalho conseguiu traduzir a Palavra de Deus para mais de 20 línguas locais e sua influência permanece ainda hoje.

Fruto de um avivamento, em 1806 Adoniram Judson tem uma forte experiência com Deus e se propõe a servir a Cristo, indo depois para a Birmânia, onde é encarcerado e perseguido durante décadas, mas deixa aquele país com 300 igrejas plantadas e mais de 70 pastores. Hoje, Myamar, a antiga Birmânia, possui mais de 2 milhões de cristãos.

Fruto de um avivamento, em 1882 Moody pregou na Universidade de Cambridge e 7 homens se dispuseram ao Senhor para a obra missionária e impactaram o mundo da época. Foram chamados “os 7 de Cambridge”, que incluía Charles Studd (sua biografia publicada no Brasil chama-se “O homem que obedecia”). Foi para a África, percorreu 17 países e pregou a mais de meio milhão de pessoas. Fundou A Missão de Evangelização Mundial (WEC International) que conta hoje com mais de 2.000 missionários no mundo.

Fruto de um avivamento, em 1855 Deus falou ao coração de um jovem franzino e não muito saudável para se dispor ao trabalho transcultural em um país idólatra e selvagem. Vários irmãos de sua igreja tentavam dissuadí-lo dizendo: “para que ir tão longe se aqui na América do Norte há tanto o que fazer ?” Ele preferiu ouvir a Deus e foi. Seu nome é Simonton (1833-1867) que veio ao nosso país e fundou a Igreja Presbiteriana do Brasil.

Fruto de um avivamento, em 1950 no Wheaton College cerca de 500 jovens foram chamados para a obra missionária ao redor do mundo. E obedeceram. Dentre eles estava Jim Elliot que foi morto tentando alcançar a tribo Auca na Amazônia em 1956. A partir de seu martírio houve um grande avanço missionário em todo o mundo indígena, sobretudo no Equador. Outro que ali também se dispôes para a obra missionária foi o Dr Russel Shedd que é tremendamente usado por Deus em nosso país até o dia de hoje.

Tendo em mente, nesta macro-estrutura, os três níveis de relação entre o Espírito Santo e as Missões, podemos observar alguns valores bíblicos sobre este tema, revelados em Atos 2, durante o Pentecoste.

O Pentecoste e as Missões


O Espírito Santo é a pessoa central no capítulo 2 de Atos e Lucas é justamente o autor sinóptico que mais fala sobre Ele utilizando expressões como “ungido” pelo Espírito, ou “poder” do Espírito ou ainda “dirigido” pelo Espírito (Lc 3:21; 4:1, 14, 18) demonstrado que na teologia Lucana o Espírito Santo era realmente o ‘Parakletos’ que viria.

O Pentecoste, dentre todas as festas judaicas, era, segundo Julius, o evento mais frequentado e acontecia sob clima de reencontros já que judeus que moravam em terras distantes empreendiam nesta época do ano longas jornadas para ali estar no quinquagésimo dia após a páscoa.

Chegamos ao momento do Pentecoste. Fenômenos estranhos aos de fora e incomuns à Igreja aconteceram neste momento e a Palavra os resume falando sobre um som como “vento impetuoso” (no grego ‘echos’, usado para o estrondo do mar); “línguas como de fogo” que pousavam sobre cada um, “ficaram cheios do Espírito Santo” e começaram a falar “em outras línguas”. Lucas fecha a descrição do cenário com a expressão no verso 4: “segundo o Espírito lhes concedia”.

Outras línguas. O texto no versículo 4 utiliza o termos eterais glossais para afirmar que eles falaram em outras glosse , línguas, expressão usada para línguas humanas, idiomas. Mas, a fim de não deixar dúvidas, no versículo 8, o texto nos diz que cada um ouviu em sua “própria língua” usando aqui o termo dialekto que se refere aos dialetos ali presentes. As línguas faladas, e ouvidas, portanto eram línguas humanas e não línguas angelicais, neste texto em particular, no Pentecoste. Mas onde ocorreu o milagre? Naquele que falou ou nos ouvidos dos que ouviram ? É possivel que tenha sido nos ouvidos dos que ouviram pois a mensagem, pregada, foi compreendida idia dialekto - no próprio dialeto de cada um. O certo, porém, é que Deus atuou sobrenaturalmente a fim de que a mensagem do Cristo vivo fosse compreendida, clara e nitidamente, por todos os ouvintes.

Em meio a este momento atordoante (vento, fogo, som, línguas) o improvável acontece. Aquilo que seria apenas uma festa espiritual interna para 120 pessoas chega até as ruas. O caráter missiológico do evangelho é exposto. O Senhor com certeza já queria demonstrar desde os primeiros minutos da chegada definitiva do Espírito sobre a Igreja que este poder – dinamis de Deus - não havia sido derramado apenas para um culto cristão restrito, a alegria íntima dos salvos ou confirmação da fé dos mártires.

O plano de Deus incluía o mundo de perto e de longe em todas as gerações vindouras e nada melhor do que aquele momento do Pentecoste quando 14 nações, ali presentes e, no meio desta balbúrdia da manifestação de Deus, cada uma – milaculosamente – passou a ouvir o Evangelho em sua própria língua.

Era o Espírito Santo mostrando já na sua chegada para o que viria: conduzir a Igreja a fazer Cristo conhecido na terra. Em um só momento Deus fez cumprir não apenas o “recebereis poder” mas também o “sereis minhas testemunhas”. A Igreja revestida nasceu com uma missão: testemunhar de Jesus.

Daí muitos se convertem e a Igreja passa de 120 crentes para 3.000, e depois 5.000. Não sabemos o resultado daqueles representantes de 14 povos voltando para suas terras com o Evangelho vivo e claro, em sua própria língua, mas podemos imaginar o quanto o Evangelho se espalhou pelo mundo a partir deste episódio. Certamente o primeiro grande movimento de impacto transcultural da Igreja revestida.

No verso 37 lemos que, após o sermão de Pedro, em que anuncia Cristo, “ouvindo eles estas coisas, compugiu-se-lhes o coração” e o termo usado aqui para compungir vem de katanusso, usado para uma “forte ferroada” ou ainda “uma dor profunda que faz a alma chorar”. A Palavra afirma que “naquele dia foram acrescentadas quase três mil almas”. O Espírito Santo usando o cenário do Pentecoste para alcançar homens de perto e de longe.

Podemos retirar daqui algumas conclusões bem claras. Uma delas é que a presença do Espírito Santo leva a mensagem para as ruas, para fora do salão e alcança apenas pelos quais o sangue de Cristo foi derramado. Desta forma é questionável a maturidade espiritual de qualquer comunidade cristã que se contente tão somente em contemplar a presença do Senhor. A presença do Espírito, de forma genuína, incomoda a Igreja a sair de seus templos e bancos. A Não se contentar tão somente com uma experiência cúltica aos domingos. A procurar, com testemunho Santo e uso da Palavra de Deus, fazer Cristo conhecido aos que estão ao seu redor.

Havia naquele lugar, ouvindo a Palavra de Deus através de uma Igreja revestida de Poder pelo Espírito Santo, homens de várias nações distantes, judaizantes, além de judeus de perto, que moravam do outro lado da rua. De terras distantes, o texto, Atos 2: 9 a 11, registra que havia “nós, partos, medos, e elamitas; e os que habitamos a Mesopotâmia, a Judéia e a Capadócia, o Ponto e a Ásia, a Frígia e a Panfília, o Egito e as partes da Líbia próximas a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos, cretenses e árabes-ouvímo-los em nossas línguas, falar das grandezas de Deus”. Uma Igreja revestida da Espírito deve abrir seus olhos também para os que estão longe, além barreiras, além fronteiras, nos lugares improváveis, onde Cristo gostaria que fôssemos.

Que efeitos objetivos na construção do caráter da Igreja produziu a presença marcante e transformadora do Espírito ?

A ação do Espirito Santo não produz uma Igreja enclausurada

Esta Igreja cheia do Espírito Santo passa a crescer onde está e em Atos 8 o Senhor a dispersa por todos os cantos da terra. E diz a Palavra que, “os que eram dispersos iam por toda parte pregando a Palavra”. Vicedon nos ensina que uma Igreja cheia do Espírito é uma igreja missionária, proclamadora do Evangelho, conduzida para as ruas.


A ação do Espírto Santo não produz uma Igreja segmentada


Após a ação do Espírito sobre os 120, depois 3.000, depois 5.000, não houve segmentação, divisão, grupinhos na comunidade. Certamente eles eram diferentes. Alguns preferiam adorar a Deus no templo, outros de casa em casa. Alguns mais formais, judeus e judaizantes, outros bem informais, gentios. Alguns haviam caminhado com Jesus. Outros não o conheceram tão de perto. Mas esta Igreja possuía um só coração e alma, como resultado direto do Espírito Santo. Competições, segmentações, grupinhos, portanto, são uma clara demonstração de carnalidade e necessidade de busca de quebrantamento e entrega a ação do Espírito na vida da Igreja.

A ação do Espírito Santo não produz uma Igreja autocentrada


Certamente uma Igreja que havia experimentado o poder de Deus, de forma tão próxima e visível, seria impactada pelo sobrenatural. Porém, quando a ação sobrenatural é conduzida pelo Espírito Santo a única pessoa que se destaca é Jesus, a única pessoa exaltada é Jesus, a única que aparece com louvores é Jesus. Esta Igreja que experimentou o Espírito no Pentecoste passa, de forma paradoxal, a falar menos de sua própria experiência e mais da pessoa de Cristo. O egocentrismo eclesiástico não é compatível com as marcas do Espírito.

Creio, assim, que nossa herança provinda do Pentecoste precisa nos levar a sermos uma Igreja nas ruas (não enclausurada), uma Igreja Cristocêntrica com amor e tolerância entre os irmãos (não segmentada ou partidária), uma Igreja cuja bandeira é Cristo, não ela mesma (não egocêntrica), e por fim uma Igreja proclamadora, que fala de Cristo perto e longe. Que as marcas do Pentecostes continuem a se manifestar entre nós.

O Cenário Indígena Brasileiro e a Atuação Missionária Evangélica


Vivemos em um país onde há oficialmente 257 etnias indígenas perfazendo uma população aproximada de 700.000 pessoas. Segundo o pesquisador Paulo Bottrel apenas 4 etnias (Katuena, Mawayana, Wai-Wai e Xereu) possuem a Bíblia completa em seus idiomas, 34 dispõe do Novo Testamento e outras 59 contam com porções bíblicas. Apesar das 25 Agências Missionárias que bravamente atuam entre os índios em nosso país, ainda contamos com um vasto campo que necessita do evangelho: 103 grupos permanecem sem presença missionária e 180 não possuem uma igreja local entre eles.

É certo que o desafio vai muito além das estatísticas e das palavras, pois é composto por faces, vidas, histórias e culturas milenares as quais tem sofrido ao longo dos séculos a devassa dos conquistadores, a forte imposição sócio-economica, etnofagias e perdas culturais irreversíveis.

Em meio a todo este quadro há gritante necessidade de homens e mulheres que se disponham a encarar a transmissão do evangelho valorizando o homem e sua cultura dentro de uma esfera de compreensão lingüística e aplicabilidade social, o que envolve o ultrapassar de várias barreiras. Uma delas é o estudo, registro, preservação, uso e valorização das línguas maternas.

O Apelo das Minorias

No contexto sul-americano nosso país possui a maior densidade lingüística e diversidade genética e, paradoxalmente, uma das menores concentrações demográficas por língua falada. As 185 línguas indígenas são distribuídas em 41 famílias, dois troncos e uma variedade desconhecida de línguas isoladas . Em meio a esta gritante diversidade apenas 3 etnias (Tikuna, Kaingang e Kaiwá) possuem mais de 20.000 pessoas e a média de falantes por língua é de 196 pessoas. 53 povos têm menos de 100 indivíduos e há aqueles com menos de 10 representantes como os Akunsu, com 7 pessoas, os Arua com 6 e os Juma também com 7 indivíduos. Quando pensamos em grupos indígenas nos confrontamos com a realidade de povos minoritários.

Nos anos 80 pesquisadores do Museu Goeldi encontraram os dois últimos falantes do Puruborá. Em 1995 foi identificado um grupo arredio como sendo falante do até então desconhecido Canoê e Pierre Grenand reconhece a existência de 52 grupos ainda sem contato com o mundo exterior cujas línguas não foram estudadas, praticamente todas minoritárias.

O Brasil evangélico não indígena, por sua vez, experimenta desde os anos 80 um rápido crescimento tanto em número de templos como de convertidos, motivo de louvor a Deus. Isto por outro lado têm nos levado a desenvolver uma missiologia mais pragmática, que cultua os resultados, do que Escriturística, que valoriza a obediência à Palavra. Assim, tanto a expectativa missionária por parte do corpo evangélico nacional quanto a prática no plantio de igrejas valoriza o quantitativo. E isto não será encontrado no universo indígena pois a conversão de toda uma tribo pode representar, em alguns casos, apenas uma dúzia de pessoas. Precisamos ser relembrados do desejo de Jesus: tornar-se conhecido dentre todos os povos, tribos línguas e nações da terra e isto jamais acontecerá enquanto não evangelizarmos os grupos minoritários. Precisamos de uma Igreja apaixonada por Jesus e disposta a gastar tempo e recursos no preparo de seus obreiros a fim de fazer o evangelho de Cristo conhecido entre todos os povos, também os minoritários. É preciso encarnar a conceito bíblico sobre o valor de uma alma. Vale mais que o mundo inteiro.

O Apelo da Subsistência Lingüística

Michael Kraus afirma que 27% das línguas sul-americanas não são mais aprendidas pelas crianças. Significa que um número cada vez maior de crianças indígenas perde seu poder de comunicação a cada dia. Isto possui raízes diferenciadas que vão desde a imposição socioeconômica nas tribos mais próximas dos vilarejos e povoados até a falta de uma proposta educacional na língua materna, fazendo-os migrar para o Português ou outra língua indígena predominante na região.

Rodrigues estima que, na época da conquista, eram faladas 1273 línguas, ou seja, perdemos 85% de nossa diversidade lingüística em 500 anos. Luciana Storto delata uma crise sociolingüística no estado de Rondônia onde 65% das línguas estão seriamente em perigo por não serem mais usadas pelas crianças e por terem um numero pequeno de falantes.

Precisamos perceber que a perda lingüística está associada a perdas culturais irreparáveis como a transmissão do conhecimento, formas artísticas, tradições orais, perspectivas ontológicas e cosmológicas. Perde-se também a ponte de comunicação para um pleno entendimento do evangelho. No processo de perda lingüística e migração para o Português, os grupos indígenas normalmente passam por um processo de adaptação quando não possuem mais fluência na antiga língua materna e também não aprenderam o suficiente do novo idioma, para uma comunicação mais profunda. Este é um momento de perigo e perdas quando a identidade indígena é auto-questionada, seus valores substituídos e, sobretudo, seu poder de comunicação diminuído. A presença missionária catalogando, analisando e registrando a língua indígena a valoriza perante seu próprio povo e abre caminho para sua preservação. O evangelho, assim, não apenas responde os questionamentos da alma mas contribui para a sobrevivência cultural.

O Apelo da Tradução Bíblica

‘Se Deus nos ama, porquê Ele não fala a nossa língua ?’ Estas palavras impactaram a mente de William Cameron Towsend quando trabalhava com o povo Cakchiquel da Guatemala desde 1919. Após ser despertado para a necessidade de comunicar o evangelho na língua materna de cada povo ele se dispôs a fundar a SIL (Sociedade Internacional de Lingüística) que atua perseverantemente na tradução das Escrituras. Mas esta não é apenas uma preocupação moderna. Martinho Lutero, reformador protestante, percebeu rapidamente a incapacidade da Igreja conhecer a Deus sem conhecer a Palavra e, assim, lançou em 1534 a primeira edição da Bíblia por ele traduzida, e em linguagem comum alemã.

A força missionária tem sido ao longo das décadas um divisor de águas na subsistência das línguas indígenas brasileiras sob o esforço da SIL , Missão Novas Tribos do Brasil, ALEM e JOCUM, além de outras Agências que bravamente se empenham nesta tarefa. Apesar do contigente missionário ser formado em maior parte por Brasileiros, devemos reconhecer que os resultados historicamente obtidos nesta área advém do esforço de muitos preciosos linguístcas estrangeiros que valorosamente trabalharam e trabalham na análise e grafia lingüística, e tradução da Palavra para vários idiomas, como o caso do missionário Robert Hawkins que dedicou 54 anos de sua vida traduzindo a Bíblia completa para a língua Wai-Wai. Louvado seja Deus.

O presente apelo é por mais obreiros (estrangeiros, brasileiros e indígenas), que tenham desejo de se esmerar no estudo lingüístico e se preparar da melhor forma possível para transmitir o evangelho para estes 180 grupos onde ainda não há, entre eles, uma igreja genuinamente indígena.

Conclusão

Alguns anos atrás, quando estávamos integralmente envolvidos com a evangelização dos Konkombas em Gana na África, participei de uma conferência em Chicago onde se reuniam missiólogos e missionários de boa parte do mundo. Muitos temas eram estudados mas sobretudo havia oportunidade para desafios missionários nas preleções da noite. Em minha sessão, falando sobre povos ainda não alcançados, tentei confrontar o auditório com um silogismo bíblico de responsabilidade na comunicação do evangelho dizendo: ‘... em Gana a Igreja fortemente expressiva no sul do país ainda não se despertou para as quase 100 tribos não alcançadas ao norte, dentre elas os Konkombas-Bimonkpeln com os quais trabalhamos. Infelizmente ainda é necessário o envio de missionários estrangeiros para o alcance das tribos ao norte porque a Igreja dorme’.

Na preleção a seguir um norte americano falaria sobre o desenvolvimento de igrejas autóctones. Ele iniciou seu sermão mais ou menos da seguinte forma: ‘Fui missionário por mais de 20 anos na Amazônia brasileira entre indígenas ainda não alcançados, pois apesar da existência de milhões de evangélicos naquele país não havia missionários suficientes. Isto porquê a Igreja dorme’.

Apesar do constrangimento reconheci, infelizmente, que suas palavras não estavam tão longe da verdade. É preciso mudar.

Ronaldo Lidório
ronaldo.lidorio@terra.com.br

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Em Defesa de David Wilkerson


Andrew Strom

Tradução de João A. de Souza Filho

Um vasto segmento do moderno movimento profético americano se opõe a David Wilkerson e às suas declarações. Costumam descrevê-lo como “mercador de tragédias”, porque ele alerta os cristãos americanos das iminentes catástrofes que virão e conclama a nação ao arrependimento.

Numa carta que me foi enviada por um amigo tempo atrás – que havia deixado o movimento profético e retornado a uma igreja pentecostal – ele me disse: “Se eu mencionar o nome de David Wilkerson eles ficam zangados e irados comigo”. Não é triste isto?

Apesar de David Wilkerson alertar a sociedade americana de futuros cataclismos, exatamente como os que temos presenciado – ele é mal-interpretado e denegrido. Tudo porque Wilkerson costuma conclamar os cristãos americanos ao arrependimento. E ele não fica acariciando os “profetas” da prosperidade.

Quando a mensagem “Deus quer que você fique rico” começou a ser pregada por todos os Estados Unidos, David foi um dos poucos que levantou sua voz conclamando o povo ao arrependimento do “amor ao dinheiro”. Ele passou a ser odiado por isto. Especialmente porque é incisivo e franco a respeito deste assunto.

Quando a “bênção de Toronto” surgiu enchendo as igrejas de manifestações bizarras – ele falou contra e disse a verdade do que estava acontecendo. Ele foi um dos poucos – se não o único – líder pentecostal que se posicionou publicamente e refutou este novo “espírito” que invadiu as igrejas. Imagine o quanto David foi desprezado por isto.

Existe um movimento “profético” hoje no mundo que, em minha opinião, seus líderes não deveriam usar o nome de “profetas”. É um movimento de avivamento que vende caminhões de livros e vive de conferências, mas que não tem nada de profético. Mantém sua popularidade porque prega mensagens inspiradas de auto-ajuda. Não se ouve entre eles vozes como a de Amós ou de Jeremias, muito menos a de João Batista. Seus pregadores acariciam as pessoas e não confrontam a vida de pecado que levam.

Muitos desses movimentos têm uma mensagem crônica contra o “espírito religioso”. Os freqüentadores desses encontros vêem espíritos de legalismo e de farisaísmo por toda parte. Por isso, falam apenas sobre “graça, graça, e graça”. As palavras “pecado, justiça e juízo” sumiram de seus glossários, pois têm medo de serem tachados de “religiosos”. Por isso, quando cruzam com um profeta que prega contra o pecado, que fala de retidão e do juízo final – as mesmas coisas que Jesus afirmou que o mundo despreza – eles o rejeitam. Todo verdadeiro profeta sobre os quais li ou com os quais me encontrei pregaram contra o pecado, falaram de retidão e de juízo final. Finney, Wesley, Whifield, Jonathan Edwards, etc.

Criamos um novo sentido para o termo “profético” nos dias de hoje que está bem abaixo dos padrões bíblicos e longe do padrão necessário para quem busca avivamento. Creio que foi Jeremias que criou o termo “profetas sonhadores”. A América não precisa deste tipo de profeta em seus momentos de crise. Precisamos de vozes que falem a verdade, e que alertem o povo, não importa o custo que advir daí. Precisamos de vozes como de trombetas!

David Wilkerson é uma dessas trombetas! Ele é como uma voz solitária – felizmente sua mensagem tem chegado bem longe! Creio que Deus o colocou em Nova Iorque para este tempo – a cidade vive do jogo político (as Nações Unidas), do poder financeiro e do poder da mídia. Creio que David é o “homem de Deus” naquela cidade. E se ele prega que O ARREPENDIMENTO é a mensagem de Deus para a América nestes dias, prefiro crer nele a dar ouvidos a qualquer profeta de palavras açucaradas que ecoam a favor da “prosperidade” e do enriquecimento dos crentes. Prefiro ouvir o homem que tem a mensagem certa para estes dias.

David odeia o pecado e o engano, e ama o povo, por isso sua voz não pode ser silenciada. Esta é a marca de um profeta. Continue David!

Fonte: www.revivalschool.com